AIKIDO E SAKURA
Sakura - A Cerejeira Japonesa
Em março, o inverno se vai com o branco da neve e o frio. A primavera chega, enfeita e dá cor à paisagem do Japão com muitas flores. Dentre elas, a sakura, das cerejeiras típicas do arquipélago.
Poucos meses são tão esperados pelos japoneses como o de março. Com o início da primavera, as paisagens brancas e frias cedem espaço a um mar de flores rosadas que proporcionam um dos maiores espetáculos da natureza no arquipélago. As flores de sakura avançam a partir do sul do país e anunciam: é hora de sair com a família e os amigos para se divertir e apreciar a paisagem.
O hábito, tão difundido entre os japoneses, ainda é novidade para os brasileiros que chegam ao país. Veja a seguir algumas curiosidades sobre o sakura:
Mar de flores
A partir do mês de março, quando começa a primavera no hemisfério norte, o Japão é tomado por flores rosadas. São as sakura, flores de cerejeira. Elas começam a desabrochar nas árvores no sul do Japão, em Okinawa, e vão em direção ao norte, até Hokkaido. O fenômeno, que dura dois meses e se “move” como uma onda, é chamado Sakura zansen e significa, literalmente, linha de frente das cerejeiras. Os grandes apreciadores da flor fazem roteiros turísticos que acompanham a transformação da paisagem.
Tudo começou…
Conta a lenda que uma princesa desceu dos céus e aterrissou em uma cerejeira. Acredita-se então que o nome sakura, na verdade, é derivado do nome da princesa Konohana Sakuya Hime, que significa “a princesa da árvore de flores abertas”. Outros dizem que o nome da planta tem sua origem no cultivo de arroz e sua divindade (Sa). A segunda parte do nome, kura, faria referência à sua morada.
Hanami
Apreciadores de flores de cerejeiras não faltam. Eles se reúnem em grupos e passam horas observando as belas paisagens que a primavera traz. A prática ganhou até nome: hanami. O hábito já tem mais de dez séculos e exige a dedicação dos participantes, já que, em cada região, o espetáculo só dura duas semanas. Para chegar no local e dia exatos, eles contam com a ajuda da Agência Meteorológica Japonesa, que informa até em boletins televisivos o momento do florescimento.
Primeira fila
Os melhores lugares para assistir ao florescimento das cerejeiras são tão disputados que alguns chefes de grandes empresas chegam a mandar seus funcionários mais jovens irem antes aos parques para garantir um bom posto de observação. A prática é acompanhada de pique-nique e até saquê. Os mais desinibidos até cantam e dançam para celebrar a ocasião. Hoje, países como o Brasil e Estados Unidos também realizam o Hanami graças à iniciativa japonesa de, no início do século 20, distribuir mudas da árvore para diversas nações como prova de amizade. Mais de três mil pés foram levados para os Estados Unidos e podem ser vistos nos jardins da Casa Branca. A cerejeira virou símbolo de fraternidade.
Mil e uma utilidades
A flor de cerejeira nasceu como representante da aristocracia japonesa e, portanto, sua única missão é ser bonita. Mas ela tem outras utilidades: apesar de não dar frutos, a madeira da árvore é utilizada na produção de móveis e blocos para impressão de ukiyo-ê dos séculos 16 e 17. Até as flores são utilizadas e, depois de ficarem em conserva no sal, se transformam em um chá, o sakura-yu, usado nas festas de casamento para pedir felicidade ao novo casal.
Sabor especial
A primavera inspira também o cardápio japonês. Doces, bebidas e alguns pratos ganham o toque das flores no formato e no sabor. São comuns docinhos simples, feitos de açúcar, em formato de sakura. O tradicional bolinho de massa de arroz, quando enrolado na folha da cerejeira, vira o sakura-mochi. Outras flores, como uma espécie comestível de crisântemo, também dão colorido aos pratos.
Vida breve
Uma das principais características da cerejeira é sua efemeridade. O fato de as flores durarem pouco tempo nos galhos das árvores impressionou muito os japoneses na Idade Média, período de guerras, o que fazia com que as pessoas sentissem que tinham a vida ameaçada a todo momento. Assim, a sakura foi associada à imagem do samurai, guerreiros que estavam dispostos a dar sua vida quando necessário e de existência muitas vezes tão breve quanto a flor da cerejeira.
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